full_logo@3x

Cristo
Crucificado

Pintura Óleo Sobre Tela Século XVII Nesta representação de Cristo Crucificado, estilisticamente já distante do modelo da obra de Michelangelo, o corpo de Jesus é relevado por um jogo de contrastes de luz, onde confluem zonas escuras e zonas muito claras e esmaecidas. O tronco de Cristo sugere-nos um pequeno avanço para o lado direito, a cabeça, pende para o lado oposto, e os olhos, que olham para cima, parecem indicar-nos que o fim do sofrimento se aproxima. As mãos e os pés, sobrepostos, estão cravados por pregos que fixam o corpo à Cruz e que abrem feridas, as “Chagas”, na tradição católica, que são contempladas na pintura. A cobrir a figura de Cristo, na cintura, encontra-se ainda uma pequena faixa de pano branca, marcada por pregas suaves e ondulada pela exposição ao vento. Sobre a cruz, encontramos a inscrição INRI (Iesus Nazarenus Rex Iudeorum (Jesus Nazareno Rei dos Judeus). Cristo Crucificado é uma das imagens icónicas do Cristianismo e foi uma das cenas mais vezes representadas em arte cristã, tanto em pintura, como escultura e noutras expressões. Num plano histórico, a crucificação dos condenados era praticada entre os hebreus, constituindo uma das penas capitais. Quando, porém, a Palestina é integrada no Império Romano, a crucificação torna-se de modo geral no castigo dos que não possuem a cidadania romana. Era absolutamente proibido no caso de cidadãos romanos, pois um tratamento tão infame e degradante violaria a lei sagrada. Segundo o costume romano, a crucificação era precedida da flagelação; depois deste preliminar, o condenado devia carregar a sua cruz até ao sítio da execução. Era então exposto à chacota e aos insultos do povo. Ao chegar ao local, a cruz era erguida. O suplicado, inteiramente nu, era amarrado com cordas. Em seguida, era fixado com quatro pregos à madeira da cruz. Finalmente, era espetado um dístico no alto da cruz ostentando o nome do condenado e a razão da sentença. A condenação à cruz manteve-se em vigor no Império Romano até à primeira metade do século IV. No início do seu reinado, Constantino continuou a infligir esta pena aos escravos culpados de delação para com o seu amo. Mais tarde, o mesmo Constantino, aboliu tal castigo em honra da Paixão de Cristo.     Segundo alguns autores, esta obra terá sido originária, hipoteticamente, do antigo Convento de Santa Catarina de Sena, da cidade de Évora, onde estaria exposta no Altar-mor. Outros autores, refutam esta possibilidade, aventando a hipótese da mesma ter sido produzida por um artista espanhol e entregue à Misericórdia no Século XVII. Contudo, a documentação oficial que chegou até nós, e que continua guardada no Arquivo Histórico da Instituição, não apresenta evidências claras sobre esta matéria e sobre qual das hipóteses será a mais plausível.
Voltar