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Nossa Senhora
da Misericórdia

Esta bandeira, suportada por uma prolongada haste de pau-santo e sobrelevada por uma cruz, é composta por duas molduras distintas: a Nossa Senhora da Misericórdia, também conhecida como “Nossa Senhora do Manto” (no lado anverso) e a Lamentação (no reverso).
A moldura de Nossa Senhora da Misericórdia, que aqui expomos, e cujo motivo foi pintado a óleo sobre tela, destaca, como é usual na iconografia do tema, a Virgem coroada de mãos postas, a acolher os fiéis debaixo do seu longo manto azul como sinal de amparo e de proteção. De entre a multidão, onde são representadas todas as classes sociais, destacam-se, neste caso específico, um papa e Frei Luís de Contreiras (com hábito dominicano) e do lado oposto o monarca e representantes da nobreza e do poder real. Noutro plano, ao centro, temos ainda representados os doentes e as crianças desamparadas.

Um dos símbolos máximos destas Irmandades, a Bandeira de Nossa Senhora da Misericórdia, ou Senhora do Manto, ou, ainda Mater Omnum, é uma representação da Virgem a amparar os fiéis (de todos os estratos e categorias sociais) com o seu manto protetor.
As Misericórdias adotaram-nas, desde a primeira hora, tornando-as, simbolicamente, no seu máximo estandarte e proclamando-as como as insígnias da proteção real e celesteal.
As Bandeiras Reais das Misericórdias, como seriam inicialmente conhecidas, rapidamente assumiram o seu papel de destaque em todas as Misericórdias, sobretudo naquelas que foram criadas entre os Séculos XV, XVI e XVII e que rapidamente se disseminaram por todo o reino.
Ao mesmo tempo que as Misericórdias se expandiam pelos territórios nacional e metropolitano, também as representações da Virgem do Manto acompanhavam esse crescimento, adornando bandeiras, baixos-relevos, retábulos, iluminuras e outras recreações artísticas.

A utilização constante das Bandeiras das Misericórdias
Referimos anteriormente que as Bandeiras da Misericórdias, ou Senhoras do Manto, se disseminaram rapidamente pelo território português desde a fundação das Misericórdias.
A bandeira de Nossa Senhora da Misericórdia, que aqui apresentamos não será, todavia, a primeira bandeira ao serviço da Santa Casa de Évora, mas sim, uma reprodução do Século XVII.
Uma das razões que fundamentam esta premissa é, precisamente, o facto das Bandeiras da Misericórdia originais, que muitas vezes já apresentavam fragilidades nas suas pinturas, estarem permanentemente sujeitas a adversidades resultantes de condições climatéricas adversas ou de imprecisos manuseamentos.
Na verdade, estas bandeiras, que eram regularmente utilizadas em todo o tipo de manifestações de culto, como procissões ou enterros de irmãos, estavam permanentemente expostas a intempéries, humidades, fungos, calor e luminosidade excessivos, das quais resultavam, por exemplo, e de entre uma vasta panóplia de patologias associadas, descolorações, deformações e acumulações de porosidades.
Estes motivos justificam assim o facto de, na maior parte dos casos, as bandeiras das Misericórdias terem sido repintadas e/ou substituídas por diversas vezes ao longo da sua História.

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