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// Obras
Assistência

As esmolas, independentemente da tipologia, da forma e da periodicidade, eram indubitavelmente uma das grandes preocupações da Misericórdia. Divulgaremos em seguida três das mais significativas:

Peças de Vestuário
Requeridas quase sempre por senhoras pobres, mendicantes ou viúvas, muitas vezes sobre o pretexto de terem a possibilidade de se apresentar condignamente nas missas, no Natal ou na Semana Santa. Estas ofertas eram, nalgumas ocasiões, patrocinadas por beneméritas abastadas que deixavam como legado pio à Misericórdia significativas quantias “para vestir” os necessitados nos dias Santos.
Em busca das benesses decorrentes deste importante ato assistencial, todos os anos centenas de desfavorecidos candidatavam-se a esta generosa oferta. Infelizmente, por manifesta falta de recursos, nem todos poderiam ser contemplados.

Géneros Alimentícios
Os géneros alimentícios eram distribuídos aos doentes pobres, quer aos internados nas unidades hospitalares da Instituição, quer aos “domiciliados”. Esta dieta gratuita era, na generalidade, prescrita pelo corpo médico da Misericórdia, sendo constituída regularmente por alimentos com elevado valor nutritivo como pão, galinhas, ovos ou carneiros, que ao serem assimilados pelos debilitados organismos dos assistidos, acalmariam as suas necessidades mais prementes.
Uma parte substancial destes recursos encontravam-se no interior do hospital, nos quintais da Misericórdia ou nas suas dependências anexas. Os carneiros, por exemplo, que ostentavam nos seus chocalhos os ferros da Casa, eram criados num dos pátios exteriores do Hospital do Espírito Santo.

Dinheiro
As esmolas em dinheiro eram muito comuns, sendo oferecidas aleatoriamente aos pobres, muitas vezes em associação com alguns géneros alimentícios de primeira necessidade (como o pão) nas mais diversas ocasiões.
Algumas esmolas pecuniárias tinham uma periodicidade definida, como por exemplo a da “porta” da Misericórdia, que era distribuída na porta da Casa aos Domingos ou a das “quadrelas”, entregue semanalmente à Quarta-feira.

Se ao homem pobre em idade para casar era exigido o exercício de uma profissão, à mulher em iguais circunstâncias impunha-se um dote, apenas assim seria possível reunir o mínimo indispensável para avançar para a constituição de uma nova célula familiar. Os dotes de casamento atribuídos pela Misericórdia, destinados às adolescentes pobres e órfãs, eram assim importantíssimos, sendo determinantes para as pretensões de muitas candidatas, que assim asseguravam um futuro melhor. De entre as diferentes formas e tipologias de dotes, apresentaremos neste núcleo museológico duas das mais vulgares: cereais e dinheiro.

Cereais
A Misericórdia de Évora era administradora de um vastíssimo património rústico. Os cereais depositados no Celeiro da Irmandade eram fruto do remanescente que era extraído de algumas herdades da Casa, que ao serem aforadas a terceiros, possibilitavam um rendimento extra pago neste tipo de géneros.
Os cereais amealhados pela Santa Casa eram depois aplicados nos mais diversos fins, entre os quais, os dotes de casamento para as senhoras órfãs e pobres.

Dinheiro
Os dotes em dinheiro eram igualmente comuns. Neste caso, tal como o próprio nome indica, às dotadas assistidas era atribuída um valor pecuniário para servir de dote e garantir o ambicionado casamento.
A atribuição dos dotes anuais era o resultado de uma avaliação prévia. Depois de consultadas todas as candidaturas entregues, a Mesa Administrativa tomava a sua decisão e, através dos seus colaboradores, anunciava-a às contempladas.

 

A Assistência aos Presos

Outra das grandes preocupações da Misericórdia de Évora era a assistência aos presos. Foi a Santa Casa que durante séculos contribuiu para a sua alimentação, vestuário e lhes prestou, através dos seus capelães, assistência moral e espiritual e que, não raras vezes, custeou ainda a sua libertação ou Livramento, cumprindo assim uma das suas obras de Misericórdia: Remir os Cativos.
Nas alturas festivas, como a Semana Santa, era ainda habitual oferecer-se um “bodo aos presos”, que consistia numa refeição melhorada e reforçada.

Os expostos, deixados nas “rodas” por aqueles que não se sentiam em condições para os criar, ficavam sob a responsabilidade da Misericórdia que pagava a amas e a “famílias de acolhimento” para suprir essa lacuna.
Alguns desses expostos, ao serem “entregues” na roda pelos progenitores, vinham acompanhados de sinais identificativos que permitiram às famílias de origem comprovar a sua ligação parental e reconhecê-los facilmente no futuro.
Como, infelizmente, todos os sinais de expostos da Misericórdia de Évora se perderam ou estão em parte incerta, estabeleceu-se uma parceria com a Misericórdia de Lisboa que, gentilmente, cedeu os sinais que aqui divulgamos.

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