Seguindo uma prática da casa, a Misericórdia de Évora, para a campanha de pinturas, privilegiou um artista eborense, Francisco Lopes Mendes que, em finais de 1714, finalizou o grande painel de “Nossa Senhora da Misericórdia”, por ordem da Mesa colocado no ático do grande frontispício dourado. Satisfeita com o trabalho, a Mesa encomendou ao mesmo artista as telas da nave com as sete obras de Misericórdia, em que se deveriam representar “passos da escritura”.
Porém, de forma inusitada, em 1737, passadas apenas duas décadas, cinco das sete obras de misericórdia corporais foram repintadas pelo pintor José Xavier de Castro, mantendo-se apenas duas telas de Francisco Lopes Mendes, “Dar de comer a quem tem fome” e “Dar de beber a quem tem sede”.
Provavelmente, por não serem histórias bíblicas facilmente identificáveis, foi solicitado ao pintor eborense José Xavier de Castro, o repinte de cinco das sete obras para que fossem mais consonantes com o programa tradicional das Misericórdias portuguesas.
Assim, de maneira invulgar, na Igreja da Misericórdia de Évora dos dias de hoje, há duas telas realizadas por Francisco Lopes Mendes, entre 1714 e 1716, e cinco assinadas por José Xavier de Castro em 1737. Do primeiro pintor ficaram também as telas centrais do retábulo-mor: “Nossa Senhora da Misericórdia” e “Visitação a Santa Isabel”.