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São Tomás de
Aquino e Santos

Pintura, Séc. XVII
Óleo Sobre Tela.

Nesta tela encontramos uma representação de São Tomás de Aquino, sentado a uma mesa, onde escreve, com a proteção e a inspiração do Espírito Santo (que nos surge sob a forma de pomba).
São Tomás de Aquino está vestido com o hábito dominicano, coberto parcialmente com uma cinta de pedras preciosas (símbolo da castidade) que contempla ainda, ao centro, um disco solar.
A cadeira onde se senta, tem um encosto de couro com pregaria robusta, ao fundo, desdobra-se uma cortina de pregas largas. Na mão direita, São Tomás de Aquino segura uma pena, preparando-se para escrever no livro que prende delicadamente com a sua mão esquerda. O livro, por sua vez, encontra-se sob uma mesa de tecido aveludado, onde, para além deste objeto, é representado um tinteiro e uma pena suplementar.
No motivo, sobressai ainda uma moldura em arco onde se simula uma teia em metal, com flores entrelaçadas.
Por último, superiormente, e dentro de pequenos rectângulos separados por divisórias, encontramos as representações de um Santo Bispo, de São João Evangelista, da Virgem com o Menino, de São João Baptista e de Santa Catarina de Sena.

Teólogo italiano e Doutor da Igreja, Tomás de Aquino é assim designado por ser natural da pequena cidade italiana de Aquino, onde nasceu em 1225. Estudou na Universidade de Nápoles e aos 19 anos ingressou na ordem dominicana. Em 1245 vai para Paris e torna-se aluno do filósofo Alberto Magno, seguindo com ele para Colónia, em 1248, onde o seu  mestre é incumbido de fundar uma universidade. Em 1250 é ordenado padre e em 1252 começa a ensinar na Universidade de Paris.
Em 1256 termina o doutoramento em Teologia e, três anos depois, é convidado pelo papa Alexandre IV para exercer as funções de conselheiro e mestre na corte papal. Só regressaria a Paris em 1268, onde então se desenvolvia uma controvérsia teológica nos círculos intelectuais sobre a natureza do homem e a relação da fé com a razão. É nesse contexto que afirma a autonomia da razão na sua ordem e defende que as verdades de fé são compatíveis com as verdades da ciência. Para São Tomás de Aquino a fé constrói-se como um saber.
Faleceu no dia 7 de março de 1274, na abadia cisterciense de Fossanova. É canonizado pelo papa João XXII em 1323 e proclamado doutor da Igreja pelo papa Pio V em 1567. Mais tarde, em 1880, é transformado em patrono das universidades, academias, colégios e escolas católicas por Leão XIII.
Ao longo dos séculos, foi representado em pinturas de grandes nomes como Fra Angelico ou Rafael.

Dos livros litúrgicos ao Arquivo da Misericórdia: um vasto manancial de conhecimento

A presença das pinturas de São Tomás de Aquino, o padroeiro dos estudantes, dos académicos e das escolas católicas, simboliza, no contexto da História da Misericórdia, a erudição, o conhecimento e sapiência dos capelães da Misericórdia e de todos aqueles que, por via da sua inteligência, compreensão e vocação, se dedicaram à propagação da palavra e do conhecimento.
Os livros que sempre surgem associados às representações de São Tomás de Aquino podem ainda ser associados, ao valiosíssimo acervo histórico da Misericórdia (anteriormente designado como cartório) que contempla milhares de espécimes de elevada qualidade.
Este acervo, que ocupa um total de 94 metros lineares e integra documentação produzida entre 1331 e 1969, encontra-se à guarda do Arquivo Distrital de Évora, local onde, os investigadores, os irmãos e todos os curiosos, podem livremente aceder ao seu conteúdo.


Esta tela, antes da sua integração, encontrava-se exposta no Lar de Nossa Senhora da Visitação, propriedade desta Santa Casa, onde apresentava já alguns sinais de degradação (tela solta, pontualmente rasgada e com um destacamento visível da camada pictórica.
Depois de restaurado, o quadro reassumiu todo o seu esplendor e voltou a merecer um merecido papel de destaque.
Apesar de se desconhecer a sua datação exata, estima-se, por comparação formal com a pintura da época, que o mesmo possa ter sido produzido na segunda metade do Século XVII.

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