Pintura, Séc. XVIII
Óleo Sobre Tela.
Neste quadro, São Tomás de Aquino é representado à esquerda, de joelhos, orando e erguendo as mãos ao Céu, estando à sua frente (no lado inferior direito da tela) a figura de um anjo.
Sobre estes, encontram-se uma corte de anjos músicos e surge em evidência uma custódia de ouro, da qual emana uma intensa luz espiritual.
Na filactera, ao centro da tela, podemos ler a seguinte inscrição BENE SCRIPSIST DE ME THOMAS.
Teólogo italiano e Doutor da Igreja, Tomás de Aquino é assim designado por ser natural da pequena cidade italiana de Aquino, onde nasceu em 1225. Estudou na Universidade de Nápoles e aos 19 anos ingressou na ordem dominicana. Em 1245 vai para Paris e torna-se aluno do filósofo Alberto Magno, seguindo com ele para Colónia, em 1248, onde o seu mestre é incumbido de fundar uma universidade. Em 1250 é ordenado padre e em 1252 começa a ensinar na Universidade de Paris.
Em 1256 termina o doutoramento em Teologia e, três anos depois, é convidado pelo papa Alexandre IV para exercer as funções de conselheiro e mestre na corte papal. Só regressaria a Paris em 1268, onde então se desenvolvia uma controvérsia teológica nos círculos intelectuais sobre a natureza do homem e a relação da fé com a razão. É nesse contexto que afirma a autonomia da razão na sua ordem e defende que as verdades de fé são compatíveis com as verdades da experiência sensorial. Para São Tomás de Aquino a fé constrói-se como um saber.
Faleceu no dia 7 de março de 1274, na abadia cisterciense de Fossanova. É canonizado pelo papa João XXII em 1323 e proclamado doutor da Igreja pelo papa Pio V em 1567. Mais tarde, em 1880, é transformado em patrono das universidades, academias, colégios e escolas católicas por Leão XIII.
Ao longo dos séculos, foi representado em pinturas de grandes nomes como Fra Angelico ou Rafael.
Dos livros litúrgicos ao Arquivo da Misericórdia: um vasto manancial de conhecimento
A presença das pinturas de São Tomás de Aquino, o padroeiro dos estudantes, dos académicos e das escolas católicas, simboliza, no contexto da História da Misericórdia, a erudição, o conhecimento e sapiência dos capelães da Misericórdia e de todos aqueles que, por via da sua inteligência, compreensão e vocação, se dedicaram à propagação da palavra e do conhecimento.
Os livros que sempre surgem associados às representações de São Tomás de Aquino podem ainda ser associados, ao valiosíssimo acervo histórico da Misericórdia (anteriormente designado como cartório) que contempla milhares de espécimes de elevada qualidade.
Este acervo, que ocupa um total de 94 metros lineares e integra documentação produzida entre 1331 e 1969, encontra-se à guarda do Arquivo Distrital de Évora, local onde, os investigadores, os irmãos e todos os curiosos, podem livremente aceder ao seu conteúdo.
Antes de vir a integrar o Núcleo Museológico, este quadro encontrava-se no Lar de Nossa Senhora da Visitação, num salão onde, para além deste, estavam ainda expostos os quadros de “São Tomás de Aquino e Santos” e da “Sagrada Família”.
A sua origem, contudo, é diferenciada, sendo esta pintura mais tardia que as anteriores. A sua localização original seria a Igreja da Misericórdia de Évora, tal como o confirma o fundo documental antigo.