Escultura
Séc. XVII (1676-1700)
Madeira de castanho (entalhada, policromada e dourada)
Imagem de São José, em madeira de castanho, entalhada, policromada e dourada, onde o mesmo surge representado com barbas e cabelos longos.
São José ostenta uma túnica comprida de cor verde, com pregas verticais, apertada por uma cinta e envolvida por um manto que, para além de sugerir um certo movimento (através da flexão da perna direita) tem ainda a função de aconchegar o Menino, que se encontra sentado sobre a sua mão esquerda.
Na mão direita, elevada a meia altura, estaria originalmente uma vara, entretanto desaparecida, tal como a túnica branca que cobria o menino.
Ao segurar o menino nos braços, São José representa simbolicamente a paternidade, o amor, o cuidado, a educação e a dedicação aos filhos. São José cumpriu escrupulosamente a missão que lhe foi confiada por Deus, assumiu e assistiu Maria na sua gravidez, cuidou, amou e protegeu paternalmente Jesus.
A imagem de São José é-nos retratada a olhar para baixo, não por acaso, mas sim porque São José é representado como o pai “terreno” de Jesus Cristo, ou o “pai da Terra” que fica “em baixo”, em contraste com Deus, o ”Pai do Céu e do Universo”.
As evidências apontam que esta reprodução já existira em 1714, altura em que no inventário de “todos os bens” do Hospital da Misericórdia de Évora, é identificada “uma imagem do patriarca São José com o Menino nas mãos”.
A aludida imagem terá sido incorporada posteriormente na Igreja do Espírito Santo, onde terá permanecido até 1911, altura em que aquele templo foi profanado.
Para além da Igreja da Misericórdia, onde se encontrava imediatamente antes de integrar o Núcleo Museológico, a imagem passou ainda pelo Recolhimento Ramalho-Barahona.
O Auxílio dos desamparados e dos expostos
São José é o padroeiro dos trabalhadores e da família.
Os trabalhadores, totalmente dependentes do trabalho sazonal, eram daqueles que mais tinham necessidade de recorrer ao auxílio constante da Misericórdia.
Muitas vezes bastava a morte de um dos cônjuges ou a falta pontual de trabalho, para levar determinada família para a pobreza extrema ou para o limiar dela.
A função da Misericórdia era pois prestar auxílio a estes desafortunados, acolhendo-os, reconfortando-os, dando-lhes pão, cama e tratamentos para acalmar o seu sofrimento, tanto a si como à sua família.
São José, ao acolher o menino nos seus braços, representa simbolicamente a proteção dos menores, da família ou da sagrada família.
Podemos fazer um paralelismo entre esta representação e o acolhimento, alimentação e amparo que a Misericórdia propiciou a milhares de enjeitados ao longo dos séculos.
Esta imagem terá perdido alguns dos adereços desde a sua conceção original. Além da vara de São José, que já identificámos anteriomente, existiria ainda, na cabeça do Menino, uma coroa imperial de prata (referenciada nos inventários do Século XVIII) e uma túnica branca que cobriria o seu corpo.
O manto de São José original seria castanho, ou em tons acastanhados, símbolo da terra, do chão, da simplicidade e da madeira, lembrando-nos, neste último caso, o seu humilde ofício de carpinteiro.
Em função da tipologia apresentada poder-se-á estimar que a escultura pod e 1700.