full_logo@3x

São João
de Deus

Escultura Século XVIII Doada à Misericórdia de Évora pelo Dr. Manuel Álvares Cidade Data provável da execução e doação, 1700-1723 A imagem de vulto de São João de Deus, produzida em madeira de castanho, dourada e policromada, apresenta o santo vestido com um hábito com capuz, ajustado à cintura e repleto de escapolários. Na mão direita, segura uma cruz processional e na esquerda, posicionada num plano ligeiramente inferior à anterior, uma romã. É bastante provável que a imagem original tivesse ainda uma coroa de espinhos, atributo tradicional do santo, que entretanto terá desaparecido. João Cidade nasceu no dia oito de Março de 1495, em Montemor-o-Novo, e faleceu precisamente no mesmo dia e mês, do ano de 1550, na cidade de Granada. Depois de um percurso algo errante, em 1538, ao sensibilizar-se com um sermão proferido por João de Ávila, arrependeu-se do seu passado, largou tudo e passou a dedicar a sua vida à religião e à assistência ao próximo. Em 1538, fundaria em Granada, a cidade que o acolheu, um hospital para benefício dos mais necessitados, onde seriam internados, sobretudo pobres, sem-abrigo, doentes mentais ou portadores de doença incurável. Os ideais e modelos hospitalares preconizados por João de Deus seriam amplamente difundidos e disseminados nas décadas que se seguiram à sua morte, o seu excepcional legado e reconhecimento, levá-lo-iam, postumamente, à beatificação e à canonização. São João de Deus tornar-se-ia assim no padroeiro dos hospitais, dos doentes e dos enfermos. O Hospital da Misericórdia e assistência hospitalar Esta referência remete-nos imediatamente para o Hospital da Misericórdia e para a importância da assistência hospitalar como uma das grandes missões da Misericórdia. Em 1567, o Cardeal D. Henrique, na qualidade de regente do Reino, liderou o processo de transferência do Hospital do Espírito Santo para a posse da Misericórdia de Évora. Desde essa data, e durante mais de quatro séculos, competiu à Misericórdia de Évora a gestão da mais importante unidade hospitalar da região. O Hospital do Espírito Santo, também conhecido em diversos períodos da História, como “Hospital da Misericórdia”, desempenhou um papel fulcral na assistência aos doentes (sobretudo os mais pobres, os carenciados ou os desamparados), aos peregrinos e à população em geral. Em 1976, esta casa de assistência, por via da “nacionalização dos hospitais” seria “entregue” à tutela do Estado, onde ainda hoje permanece. Caso pretenda saber um pouco mais sobre este santo, padroeiro dos hospitais e dos enfermos, deixamos aqui mais alguns apontamentos biográficos sobre a sua vida e obra. Aos oito anos deixou Portugal, o seu país de origem e partiu para Espanha em busca de aventura, trabalhou nas muralhas de Ceuta, cometeu alguns pecados (dos quais se arrependeria mais tarde) e tornou-se livreiro ambulante na cidade de Granada, onde, enfim, se estabeleceria. Em 1538, depois de ouvir um sermão sobre o arrependimento, proferido por João de Ávila, converter-se-ia fervorosamente à religião e passaria a levar uma vida inteiramente dedicada aos ideias e práticas cristãs, missão que abraçaria com toda a emoção e com alguns excessos. Passaria depois um curto período de tempo no Hospital Real de Granada, onde havia sido internado por o julgarem erroneamente como louco. Ao sair, João de Deus, chocado com a forma agressiva e desumana como eram tratados os enfermos naquela época, passou a dedicar-se à assistência dos pobres, sem abrigo e enfermos portadores de doenças mentais, contagiosas e/ou incuráveis, fazendo desta a missão da sua vida. Apesar dos poucos recursos que dispunha, em 1539 fundaria um hospital em Granada, onde acolheria e trataria milhares de necessitados até 1550, data da sua morte. Graças ao seu incansável trabalho em prol dos doentes desamparados, fundar-se-ia a Ordem dos Irmãos Hospitaleiros, reconhecida pelo papa Pio V em 1571. Depois de ter sido beatificado em 1630, seria canonizado em 1690 pelo papa Alexandre VIII.
Voltar