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Cristo Crucificado

Escultura, 1802

Imagem de Cristo Crucificado em madeira de casquinha, entalhada e policromada, representado com a cabeça elevada em direção ao alto, com o tronco parcialmente coberto e com os pés sobrepostos e fixos com um só prego.
A cruz, que suporta a imagem, foi produzida em pau-santo e possui embutidos fitomórficos em madeira exótica, encontrando-se decorada com cabochões dourados.
A peanha, igualmente concebida em casquinha, entalhada e policromada, ostenta quatro pés em forma de sapata, com aletas em “S” e surge decorada com “fingidos”, imitando o lápis lazúli.
A tabela de prata, fixada por espigão, possui um perímetro recortado, acompanhado por uma moldura de concheados e grinaldas de folhas e flores. No interior, as iniciais INRI, são relevadas e separadas por meias-esferas.
A coroa de espinhos do Cristo é de estanho que, graças à técnica utilizada na fundição e modelagem, assumiu a forma entrelaçada.

O crucifixo é a Cruz de Cristo, a cruz com a qual foi crucificado, e que por esse motivo se tornaria, na tradição cristã, no principal símbolo de veneração do sacrifício de Jesus Cristo.
O crucifixo, também denominado de Cruz Episcopal, ostenta as formas de uma cruz latina, surgindo quase sempre com a inscrição I.N.R.I (Ienus Nazarenus Rex Iudaeorum – Jesus de Nazaré Rei dos Judeus) na parte superior da cruz, acima da cabeça de Jesus Cristo.
No cristianismo e no catolicismo, o uso do crucifixo é muito frequente nas igrejas, estando particularmente destacada nos altares, onde mantém viva a lembrança do sacrifício que Jesus fez pelos seus fiéis.

As encomendas de Obras de Arte – um procedimento constante na História da Misericórdia

O crucifixo que aqui se expõe na maquineta do arcaz, foi produzido no ano-económico de 1801-1802, depois de ter sido encomendado pela Mesa Administrativa da altura.
Este procedimento, bastante comum na História da Misericórdia, e utilizado sempre que a necessidade assim o exigia, consistia na encomendação de uma obra de arte, neste caso uma escultura, a um profissional contratualizado especificamente para a conceber.
Na maior parte dos casos, a encomenda era precedida de um contrato ou, pelo menos, de uma orientação detalhada, onde ficavam explícitas as intenções dos encomendadores, bem como as características e natureza das peças que se pretendiam adquirir.
Depois da obra estar finalizada, ao tesoureiro da Mesa Administrativa competia, para além de registar a despesa com a mesma, identificar, o mais detalhadamente possível, os seus atributos e o local da sua aplicação. A título de exemplo, apresentaremos o caso deste crucifixo: “Imagem nova do Santo Cristo, com resplendor, título e cravos de prata para a sacristia” (Livro das Obras (1766-1831).


A tabela de prata que se encontra na peça não será a original, tendo sido, muito provavelmente, reaproveitada de uma antiga imagem setecentista.

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