As “boticas” das Misericórdias (mais tarde designadas e adaptadas como farmácias) eram determinantes para o sucesso da obra de Curar os Enfermos.
Naqueles espaços, muitas vezes exíguos e recatados, eram preparados os medicamentos, unguentos e mezinhas para administrar gratuitamente aos doentes assistidos na Casa. Os enfermos de fora, mediante receita e após o respetivo pagamento, que revertia para os cofres da Misericórdia, poderiam igualmente usufruir daquele serviço.
O profissional responsável pela elaboração dos preparados e pela manutenção da botica eram os boticários. Contratados pela Misericórdia de Évora, estes funcionários, para além de se dedicarem à concepção de remédios e de drogas para os doentes, tinham ainda obrigações ao nível da gestão, da administração e da inventariação da botica, devendo prestar regularmente, e detalhadamente, contas do funcionamento da mesma à Mesa Administrativa.
A Botica da Misericórdia de Évora, que historicamente “deambulou“entre o interior do hospital e outros pontos da cidade, era um espaço essencialmente funcional, onde convergiam todo o tipo de recipientes e instrumentos aplicados nesta arte. De entre uma vasta panóplia de peças produzidas em diversos materiais como: barro, cobre, estanho, arame, aço ou cristais, destacavam-se os potes de faiança, ou de vidro, onde eram depositados, identificados e conservados os medicamentos.
Os almofarizes, construídos nos mais diversos materiais, como barro, bronze ou mármore, eram outras das peças indispensáveis ao bom funcionamento de uma botica, sendo utilizados para o esmagamento, moagem e mistura de ingredientes.
Nos últimos dois séculos, a antiga “botica” foi transformada em farmácia, modernizando-se, especializando-se e diversificando a oferta disponível. Contudo, e apesar deste avanço tecnológico/científico, a Farmácia da Misericórdia, e os profissionais que nela laboram, continuam a contribuir para a causa que sempre fez parte da sua missão mais elementar, a de “curar os enfermos”.